A DERRADEIRA CAÇADA
E O ADEUS DO VELHO AMIGO
( Uma homenagem ao amigo e irmão Jorjão )
Eram meados do mês de
agosto de 1989, iniciávamos a temporada, estava marcada a primeira caçada de
curso do ano, tudo ajeitado para a empreita estimada pra durar 15 dias, íamos
pro lado de Ceres-GO, traia acumulada no canto da cozinha, compra feita e tudo
no esquema, íamos sair no sábado antes de amanhecer..
De repente toca o telefone com a
notícia que mudaria os planos da viagem e que marcaria duramente aquele
ano. Jorjão estava na UTI, em estado
grave devido a um derrame, larguei tudo de lado e segui no fim da tarde para
encontrar sua filha e ver se conseguia visitar o amigo.
Foram dolorosos quarenta e nove dias
de luta, mas o gigante, homem de um metro e oitenta, criado na macaxeira, na
fruta pão e na carne de caça, era aroeira, duro, e conseguiu vencer a luta,
mesmo debilitado e puxando da perna se fez forte e saiu caminhando pela porta
do hospital, a chuva já batia forte pintando de cinza o mês de dezembro, o
tempo escuro no horizonte mostrava nada mais que a fase negra que teríamos que
enfrentar no ano seguinte.
Fim de ano era época complicada,
trabalhando com comercio, o dia corria e o tempo voava feito bomba do bando
atinada de tiro, arrumar um tempo para visitar o amigo era coisa difícil, e se
eu que o admirava tanto me fiz ausente sem ao menos perceber o que dizer dos amigos que o abandonaram sem ao
menos dar um telefonema, mas é nessa hora, nos momentos de devaneio e dor é que
sabemos quem são os verdadeiros amigos, sozinho e abandonado, era assim que o velho caçador se sentia.
Aquele ano foi cedendo lugar para 1990, o ano
derradeiro, em janeiro dava aquela parada típica da época de fériase eu estava
mais tranqüilo com isso passei a marcar mais presença, sempre as terças e
quintas, e às vezes no domingo, saímos as vezes pra casa de alguns amigos, do
rol de muitos, poucos tinham sobrado, e devagar as coisas estavam se
encaixando, o caminhar já era mais firme e a paralisia facial tinha melhorado
muito.
Mas a melhora muitas vezes vem para
dar espaço para uma nova recaída, como quem dá um pouco mais de ar antes de
sufocar de vez, talvez seja a mão de Deus dando mais um tempo para finalizar as
realizações.
No inicio de março a terrível e inesperada
noticia, mais um derrame, e segundo os médicos, mais devastador que o primeiro,
e debilitou fortemente meu amigo, foram mais cinqüenta e dois dias internado,
mas Deus estava com ele, com muita fé e oração mais uma vez saímos a porta da
frente do hospital, só que agora o gigante estava em uma cadeira de rodas,
cabisbaixo, com o pensamento distante e olhar morto.
Estávamos a caminho de casa, o
silêncio tomou conta do ambiente, o companheiro parecia perdido feito cachorro
que caiu na mudança, talvez pensando nas empreitas, relembrando os velhos
tempos, se imaginando cortando a campina ao som dos pássaros, não sei dizer ao
certo, mas meu coração estava apertado, talvez por ele, talvez por mim mesmo,
ou por todos nos.
Chegamos em casa e parei em frente ao
portão, com dificuldade o colocamos na
cadeira, calado estava, calado ficou, entramos e após um lanche, o aconcheguei
na cama, seus olhos lagrimejaram, ele me olhou de forma triste dizendo.
É seu minino, o veio ta acabado, vivo
muito tempo mais não. E a lagrima correu no rosto marcado pelo sol nas
empreitas vividas pelas matas do Brasil.
Fala isso não homem, nós ainda vamos
derrubar muito trem junto, ocê vai ver....
Ele apenas limpou o rosto e sorriu, no
caminho de casa, meu pensamento estava longe, na minha cabeça a idéia de que em
breve o amigo estaria andando novamente, mas no meu intimo sabia que sua
estrada estava estreita e poderíamos perde-lo a qualquer momento. Pensei, o
tempo é trem injusto, arrasta tudo, nada resiste, até quando ainda teremos a
companhia um do outro.
Maria sua filha estava muito
preocupada, dizia que o pai constantemente falava que ia morrer, e chorava
durante a madrugada, muitas vezes em silencio, sempre percebia que uma lagrima
corria no seu rosto e ele tentava disfarçar, é muito doloroso pra um homem que
passou a vida inteira ao ar livre, trilhando campos e matas, se ver preso em
uma pequena casa, impossibilitado fisicamente de fazer o que mais lhe dá
prazer, cercado de paredes frias em uma prisão particular.
A vida não pode parar, eu tocava meu barco conforme era preciso, mas
sempre que sobrava um tempo lhe fazia uma visita, e danávamos relembrar as
caçadas e os causos que ouvimos sertão a fora, muitas vezes narrado com o
espetacular sotaque do sertanejo, vivencia das nossas andanças pelo centro
oeste do Brasil, e caímos a rir, mas o olhar do companheiro já não era mais o
mesmo, a tristeza pela saudade das caçadas era explicita, mas graças à seção
diária de fisioterapia e a gama de remédios, a cadeira de rodas já tinha ficado
de lado e mesmo com muita dificuldade o sorriso ao caminhar brotou no seu
rosto.
O telefone tocou, era Maria...
Pai pediu pra você vir aqui hoje, e
sem falta.
Respondi prontamente, passa o café
Maria, e faz aquele bolo de fubá maravilhoso que só você sabe fazer, que as
sete eu estou chegando.
Sai do trabalho e subi a serra, no
caminho fui matutando, o porquê da intimação, o que estaria acontecendo? O que o
velho estaria tramando?
Ele me esperava a porta, o semblante
parecia carregado, mas ao mesmo tempo alegre, me recebeu com a típica frase de
sempre....Tudo batuta nego....E me abraçou calorosamente...
Sentamos a mesa e o cheiro do bolo de
fubá tomava conta da cozinha, Maria passava o café. Ele sem pestanejar entrou logo no assunto...
Quero ir pro mato, quero fazer minha
ultima caçada, todo mundo me abandonou, só sobrou ocê, um homem quando fica veio
é duro, mas um veio doente ninguém quer não seu minino, ajeita uma empreita pra
nois, eu to morrendo companheiro, eu
queria morrer no mato fazendo o que sempre amei, quero fazer minha ultima
caçada, faz isso por mim....
Meus olhos encheram d’água, e consolei
o amigo dizendo que não seria a ultima caçada, mas a primeira, e adiantei a
prosa, queria vê-lo sorrir...
Vamos sair no sábado, vamos pra Capão
Fechado, amanha ligo pra avisar, ajeito tudo meu veio, traia, rancho, e vou
chamar o Tonho, vamos de C10, saímos as três da manhã, ele sorriu com um brilho
diferente no olhar, me abraçou e falou baixinho...
Ajeita pra mim umas castanhas (
munição como ele chamava) ...Apenas falei...Deixa comigo.
Tonho era caboclo aprumado, tinha
tempo de sobra, era chamar e ele estava sempre pronto.
No mesmo dia passei na casa dele e
proseei a empreita, tudo ajeitado, e durante a semana cai nos preparativos,
Maria estava apreensiva, não queria que o pai fosse pro mato, temia que algo
acontecesse, ele ainda não estava completamente bem, mas no intimo ela sabia
que o pai precisava disso, era tudo que ele queria, e jamais poderia interferir
nisso, negar seu maior desejo seria o mesmo que matá-lo, apenas me abraçou e
agradeceu... Sei que vai cuidar bem de papai...
Sábado na hora marcada estávamos
pegando estrada, ao som de Tião Carreiro e Pardinho, eita trem bom, café na
garrafa e bolo de fubá na cuia, bom demais, o farol mostrava a estrada, e
durante todo caminho o companheiro não piscou um olho e foi até a porteira da
fazenda, muito animado, sorrindo, contando piada e relembrando os causos
antigos....
Já te contei seu minino, da onça bruta
que matei no sol quente....
Eu ia negaceando uma campeira e a
bicha andava agoniada, ora oiava pra trás, ora caminhava, ora trotava, de
repente rompeu feito doida campina afora soprando, fiquei matutando, apoiado
num pé de caraíba, quando assuntei direito oia a gata lá, ela tava campiando
tumbem, nem deu fé de mim, apoiei a Jurema , e cochilei bonito, inte o cano
flutuar, descansei o dedo, bummmmm ....
Ai de repente deu um prazo, calado..
E ai Jorjão...Fala homi...Retrucou o Tonho.
Calma seu companheiro, a bala ta
viajando..kkkkkkkk...Caiu a rir.
Pooooooooooooooooooof pilotou, bem no
tampo do ouvido, eita pulo feio, rodopiou no ar e amoitou, fiquei parado, sem
respirar, passou um tempo e nada, fui negaceando e parando, inte que vi a
pintada espichada, de língua pra fora, lá mermo tirei o casaco dela, muitos
anos ficou lá em casa, oce se lembra dele seu minino? Inté que dei de presente
pro tar coronel de bosta que me prometeu umas castanhas, e nunca me entregou.....
Agora tem prumo, campia com
concorrência de gato...kkkkk
Entre tantas historias o tempo foi
passando e logo estávamos na entrada da fazenda, o sol já clareava o mundo,
forçando a barra da noite e pincelando de azul e laranja o horizonte, a passarinhada fazia festa, um brilho novo se
instalou no seu olhar, era perceptível
sua alegria, até forças surgiram para que o companheiro caminhasse mais
firme....O café estava na mesa, macaxeira cozida, cuscuz de milho, carne seca
frita, queijo de coalho e outros trem mais, Dona Joana caprichava bonito na
cozinha, fartamos a fome e fomos para a varanda prosear com Malaquias,
queríamos noticias da mata, das campinas, noticia de onde os bode tava andando.
Malaquias era vaqueiro, passava o dia
no campo a cavalo e de tudo ele dava conta, tinha noticia fresca todo dia igual
ponto de jornaleiro, mateiro nato, nascido e crescido naquelas bandas, era o
homem certo pra saber onde o bicho tava andando.
Uai moço tem dimais, lá no varjão
perto da entrada do rio é canto deles, sai de lá não, semana passada vi seis
junto, lá na boca do cerradão naquela campina toda vez vejo eles também, agora La beirando o rio naquelas ponta de
vargem os mateiros tão batendo forte é ir pra buscar, inté de dia as vez topo
com eles, catingueiro vige Maria é praga,
tem bicho dimais homi, tem viagem perdida não.
Deitamos a rede para descansar o corpo
e esperar o almoço, que em pouco tava cheirando longe, com prosa de caça e boa
companhia o tempo passa ligeiro, e logo a mesa estava ajeitada, de trincar o
beiço, galinha caipira, arroz, farofa de verdadeiro, feijão de corda, abobora
com quiabo..Pense...Depois de brigar com um baita prato, voltamos a rede feito
porco quando invade roça de milho, o bucho parecia que ia explodir.
Jorjão deitado corçando entre os dodos
do pé gritou sua frase de felicidade.
NINQUEM NEGO, NINQUEM TEM A VIDA QUE
NOIS TEM, NEM O PRESIDENTE.... e caiu na gaitada...KKKKKK.
Era maravilhoso ver seu sorriso, a
vida tinha retornado ao seu corpo, a aquele semblante doente desapareceu, e por
um todo deu lugar a um novo homem, como me senti feliz vendo ele assim deitado
a rede, de camisa de botão entre aberta, boné surrado cobrindo o pouco cabelo
que restava, bom demais, parecia outro homem.
Levantei as cinco para ajeitar os
trem, fui buscar a bateria do trator, cilibrim, e já cativei Dona Joana pra
preparar um arroz, um café e um lanche pra gente matar a fome na madrugada,
deixei as compras no tabuleiro da cozinha e rompi pro quarto pra terminar de
arrumar a traia, roupa de frio, estojo de primeiros socorros, chapa, trempe,
corda etc e tal...
Liguei os cabos do comando ( dentro da
cabine tinha três luzes, uma verde – andar, uma branca – ré, uma vermelha –
parar ), era pra evitar prosa na empreita, fiz o teste, tudo funcionando,
ajeitei três cadeiras e um bocado de lenha de eucalipto amarada, um pouco de
álcool e um vasilha com sal e alho pisado .
Assim que escureceu beirando as sete estávamos
saindo, a escuridão da noite já dava força a luz do cilibrim, que Tonho acendeu
facheando de um lado para outro para conferir o funcionamento, descemos a
estrada e logo no rumo da lavoura um casal de anta seguia apresado para encher
bucho na soca da lavoura, seguimos a estrada entrando no cerrado ralo, logo a
frente uma raposa deu brilho no farol, parei pra conferir e logo Jorjão
retrucou dizendo pra seguir em frente.
Saímos na primeira campina e já batia
oito e meia da noite, quando tonho pediu parada, Jorjão sussurou..
Três nego, três, oia lá, oia o machão de chifre branco, o
outro é macho mais ta mocho, agora o mais novo parece ta com veludo....Tá no
saco nego...Tá no saco, vou pegar o macho novo, tem carne mais apurada.
Engatei a primeira e entrei
devagarzinho na campina abandonando a estrada e buscando ponto de tiro para que
ele efetuasse de dentro do carro, já a uns setenta metros ele pediu para parar
e virar de lado, pra ele, distancia grande era pra desafio, mostrar pra gente
que tinha ponto bom, que o velho caçador não estava acabado, era sua própria
prova, ele precisava disso...simplesmente me pus a assistir sua maestria em
ação, puxou a Jurema com calma, manobrou acionando o percutor, e cochilou inté
o cano flutuar e a alça e massa serem uma só, os bichos desconfiados andavam devagar sempre de olho no farol, ai ele descansou o gatilho
e Buuuuuuuuuuuuummmm....
Junto do estampido veio o poooof da
piolotada, bicho caiu sem pestanejar .....Ai ecoou o grito animando do velho
caçador...
Caiu nego, caiu.....Brinca com Jorjão
, erro não negão...
E os outros dois pararam mais a
frente, Tonho firmou o foco, mas ele logo guardou a arma dizendo..Um em cada
campo companheiro, vamos buscar o bruto. Toquei a caminhonete campina adentro
até chegar perto, desci e corri para
pegar e virando a prenda, localizei o furo no sovaco, logo dei a
noticia....Coração...Era um macho jovem com veludo ainda cobrindo o chifre,
carne boa e de pouco cheiro, como disse o companheiro mais apurada.
Rompemos a estrada passando pelo
cerradão na estrada da lagoa, uns cinco quilômetros a frente estava localizado
o famoso varjão, uma gramínea rala que os sertanejos chamam de vargem, lugar
preferido deles, e era uma área gigante, não sei ao certo, mas acredito ter uns
quarenta alqueires só dessa vargem limpinho, o farol batia longe, era certo um
resultado positivo, dava pra entrar de caminhonete e rodar tudo, podendo
aproximar para o disparo sem nenhuma dificuldade.
Passando pela lagoa um bando de
capivaras tomavam conta da estrada, o som dos sapos coaxando rompia longe,
Tonho segurouo farol para que a gente pudesse ver a quantidade que se espalhava
lagoa afora, sem falar dos jacarés, Jorjão logo soltou a dele .
Oia os preazão ai nego, o trem
desajeitado de besta, ainda bem que pari muito, se não já tinha acabado, na
minha época de minino eu prendava elas de zagaia..kkk...
E tocamos em frente, passamos por três
campinas, e não vimos nada, resolvi então depois da quarta campina antes de
chegar ao varjão dar uma parada pro lanche, puxamos as cadeiras e caímos no café
com pão de queijo, muita prosa e partimos para a analise da prenda, coração
furado, foi o rumo da conversa, já batia quase onze horas quando beiramos a
vargem, largamos a estrada e devagar adentramos, na primeira curva Tonho
balançou o farol mostrando que tinha dado olho, mais a frente um espetáculo,
seis juntos, um cá outro lá, mais uma maloca, fui devagar apenas esperando o
toque pra parar, de novo beirando uns setenta metros ele tocou minha perna
dando sinal. Parei o caro no jeito bem
de lado pra ele atirar apoiado na porta, ele olhou, olhou e pegou a arma
com a maior calma do mundo, olhou novamente como que escolhendo o que desta
iria passar para outra vida, abriu a porta, desceu com dificuldade, deu uns
cinco passos, levantou a Jurema e apontou, cochilou na mira, descançou o
gatilho.....Bummmmmmmmmmmmm
Foi um berro e um tombo, fazendo o
bode cair em cima do casco, jogou a Jurema o lombo e saiu caminhando devagar no
rumo do que caiu, os outros pararam, pensei, ele não vai atirar em outro, e foi
dito e feito, continuou caminhando até que os demais sentindo-se ameaçados
pegaram na carreira saltando vargem afora, chegou no bode caído, tirou uma
corda do bolso, piou o danado, jogou nas costas e veio devagar..
A imagem daquele homem andando na luz
do farol da caminhonete com sua estimada espingarda e sua prenda nas costas era
algo místico, fenomenal de se ver, mesmo debilitado, andando devagar, com toda
sua dificuldade ele queria ter o prazer de carregar seu troféu, talvez a vontade
de gritar que estava vivo, que estava ali, fazendo o mais amava e sabia fazer,
caçar.... Fitei aquela imagem e imaginei por quantos rincões aqueles pés
caminharam, quantos troféus suas mãos puderam tocar, os lugares e momentos que
a retina de seus olhos guardaram na sua memória, quantas histórias sua vida
criou, minha admiração por ele era tão grande quanto meu sentimento de amor,
por um pai que não pude ter, e que ele foi capaz de ser para mim, muito mais
que um amigo, um pai.
Chegou devagar sorrindo e colocou na carroceria junto com o outro, e
com o dedo mostrou o canto do sovaco furado, dizendo e tom festivo.....
É Jorjão nego, furador de coração,
kkkkkk..............Jurema é arma benzida, e foi por São Sebastião, santo
caçador, tem tempero e veneno, num faia não meu filho.
Analisei a peça, era um macho também,
estava na troca do chifre, somente mostrava o redondo de sangue pisado, da
velha galhada que deve ter caído a menos de dois dias, todo ano o chifre cai e
é incrível que de quatro a seis meses renascem, crescem, aveludam e descascam
deixando o animal pronto para briga do acasalamento.
Fizemos uma farra danada, nos
abraçamos, tiramos umas brincadeiras, e nossa felicidade invadiu aquela vargem,
foi muito bom aquele momento e jamais vou esquecer, Jorjão saiu rodopiando cantando e dançando com a
espingarda, inté que caiu sentado no chão em plena gargalhada, e ali ficamos
como se o mundo simplesmente não existisse, e que o universo se baseava naquele
sentimento inexplicável de três amigos comemorando uma boa caçada.
A lua já fazia presença e nossa
primeira noite foi premiada por duas peças, era hora de tratar do trem,
esquentar a matula e prosear inté o sol mostrar a cara, acendi uma fogueira
ajeitei as cadeiras e sentamos, ali mesmo limpamos os bichos, que ficaram
pendurados para descansar (escorrer o
sangue da carne para poder ensacar), o fígado foi pra chapa, junto com o
lombinho, temperado de alho e sal, acompanhado de uma cebola em rodelas, a
panela de arroz descansava na brasa e seu aroma se misturava ao da carne
grelhada que dava água na boca, do lado uma pinga mineira para comemorar o sucesso e espantar o
frio.
Foram emocionantes os causos contados
por Jorjão naquela madrugada, a garganta tava ardendo de tanto rir das
palhaçadas que ele fazia durante a narração, gesticulava mudando a voz, nunca
vou esquecer-me daquela noite.
O sol estava nascendo quando chegamos
a porteira da sede, a felicidade
estampada no rosto de cada um era notória, junto com o cansaço o sono já
batia a porta, terminamos de chegar, ajeitamos tudo e caímos na rede,
levantando somente para almoçar, durante a tarde toda ficamos no pomar deitados
hora proseando, ora cochilando, inte as quatro da tarde, e não sei te falar
quantas vezes contamos a proeza de um tiro a média de setenta a oitenta metros
de alça e massa e sem apoio.
Jorjão estufava o peito, se sentia no
céu, na maior felicidade, nada na vida é tão bom como se sentir vencedor,
reconhecido, realizado.
Logo Dona Joana gritou avisando que o
lanche da tarde estava pronto, juntamos toda turma a mesa e foi a maior
resenha, eita coisa boa é poder estar com os amigos em momentos assim, é muito
bom, mas como o que é bom dura pouco logo tive que deixar a turma para ir
ajeitar a traia para a segunda noite..
Dona Joana ajeitou uma panela de arroz
carreteiro, café, água e pão de queijo, troquei a bateria por uma bem
carregada, pois tínhamos até as três da manha sem lua, quando a noite começou a
escurecer já estávamos na estrada.
Jorjão logo leu o trajeto.
Vamos pra outro rumo, num se caça no
mesmo ponto duas noites não, a num ser que num arranje nada, vamos beirar a
mata do rio, e subir pro lado da divisa naquele cerrado ralo, é certo ajeitar
algum trem por lá.
Logo na saída topamos com o mesmo
casal de antas da noite anterior novamente seguiam a passo rápido, tinham
que bater o ponto toda noite na soca
lavoura aproveitando a fartura que não ia durar tanto tempo, saímos beirando o aceiro entre o cerrado ralo
e o cerradão, logo um olho, Tonho pediu pra parar
Jorjão olhou e foi logo afirmando, é
bode não, e curiango.
E ele retrucou...
É bode sim home....De repente o
trem voou .... E Jorjão aos risos
perguntou..
Ei nego é bode é, ocê já viu bode
voar...kkkkkkk...Curiango home, conheço o oio de longe..kkkkkk
E tocamos em frente, logo depois da
curva do colchete um casal fazia pose, parei a caminhonete em ponto, tava longe
e não tinha como chegar mais, bicho veiaco logo danou a andar, ai o companheiro
pediu para seguir.
Casal junto nessa época é porque ta de
namoro pra acasalar, no mais tiro longe é incerta e num tendo como chegar mais,
não arisco não, o tiro tem que ser certo, trem que desatina a gente é ver bicho
ferido ir embora pra virar comida de urubu, passou de setenta metros castanha
de 22 perde força e pega variação, tem que ser muito bem cochilada, vamos
embora, temos a noite toda inté dona lua dar cara, o que mais tem ai pra frente
é campo e vai surgir outra oportunidade pra gente escolher, vamos embora toca o barco.
A noite estava bandoleira, vimos
somente esse casal, as duas antas e um tamanduá bandeira que cruzou a estrada
com o filhote no lombo, eita coisa linda, parei dando passagem enquanto tonho
lumiava ele para gente apreciar o andar desengonçado do bicho, que seguiu
cerrado adentro.
Desci abri a porteira, passei o carro
e parei para um lanche, já batia perto da meia noite, ficamos ali uns trinta
minutos, e após forrar o estomago agarramos na empreita novamente, saindo do
aceiro e voltando a estrada, pegamos uma campina até boa, mas quem fazia de
morador era um lobo guará que de curioso veio na luz fazer a corte aos
visitantes, é lindo ouvir seu grito nas noites de espera ecoando cerrado afora,
olhou virou, fez que ia e voltou, desconfiado saiu de mansinho olhando para
traz como quem diz..
Num conheço esse povo não..
Seguimos e entramos a mata que beirava
o rio logo chegando a uma pequena vargem, mais a frente, logo na entrada uma
anta cortou a estrada parando a frente do carro, bicho misturado como dizia
nego Lilico, lombo de jegue, clina de cavalo, tromba de elefante, pé de
capivara, tipo de porco, eita bicho estranho, mas bonito de se ver, gorda que
chegava a brilhar o couro, anta é bicho andador, de tudo come, e pra manter
aquele porte realmente tinha que trilhar muito em busca de alimento.
Esperamos ela passar apreciando cada
movimento, nem deu tento pra gente e tocou sua caminhada como se não
estivéssemos ali, nesse trecho a mata fechava a estrada e nem adiantava lumiar,
Tonho desligou o cilibrim e sentou na carroceria, descansando as pernas e
fugindo do frio, dois quilômetros a frente começava a abrir as pequenas
vargens, assim que rompemos a mata fechada o farol já estava a ativo de um lado
para o outro procurando olho.
Ao avistar o inicio segunda da vargem
brilhou o azul claro de um olho, era um mateiro, que veiaco inté as hora, já
deu mensão de romper mata a dentro, percebi o companheiro pegando a arma e
apenas virei a caminhonete dando direção de tiro, ele com toda sua experiência
e maestria sem pestanejar, fez mira
rápida, com pouco cochilo e sentou o dedo....Buuuuuuuuuuuuummmm.....Poooooooooooofff...
Logo o projétil pilotou na paleta do
bruto, fazendo ele berrar e com poucos pulos ir ao chão, ai foi uma farra sem
fim, era a primeira prenda da noite e seria também a ultima daquela
empreitada. Segui vargem a frente até
chegar perto da prenda, o mateirão de couro marrom escuro acinzentado, de
canela preta, grande e musculoso, se misturava ao verde das gramíneas que
brigavam puxando água do sereno da noite, parei a caminhonete, Jorjão desceu e
fez questão de analisar o ponto de tiro, e arrastar até um carvoeiro que tinha
do lado, tirando do bolso a corda pra pendurar, a lua já vinha rompendo o céu e
clareando a imensidão da mata, tirei o
mole de lenha, acendi a fogueira, coloquei a trenpe e a chapa, só esperando o braseiro
chegar pra esquentar o arroz carreteiro, ajeitei as cadeiras e o tempero, Tonho
e Jorjão já tinham pendurado o bicho, e
o casaco do mateiro já estava pelo meio, tiramos o lombo e o fígado e temperei
na hora, jogando na chapa com um pouco de banha, enquanto isso o bicho
escorria, ali pendurado, como dizia o
companheiro, descansava a carne.
Jorjão não quis cadeira, sentou no
chão se esfregando como quem queria sentir a energia e o cheiro da terra, em
plena alegria, fizemos um brinde, com tira gosto de mateiro...E sua voz ecoou
na clareira da mata...
NINQUEM NEGO, NINQUEM TEM A VIDA QUE
NOIS TEM, NEM O PRESIDENTE...NEM O PRESIDENTE NEGO. E caiu na gaitada...KKKKKK
E ali ficamos a luz da lua, no calor
da nossa felicidade, ao som dos sapos e grilos, no ar o cheiro da mata se
misturava ao aroma do lombinho na chapa, uma pinga brejeira espantava o frio
atinando mais nossa alegria, o céu escuro repleto de estrelas, lembrava um
manto negro com diamantes espalhados, e danamos a prosear e contar causos até que
a mão do dia começou a colorir de laranja o horizonte.
Como dizia meu mestre, o conteúdo da
empreita vai muito alem de se abater uma prenda, está na parceria, nas
brincadeiras, em cada paisagem, em cada segundo, nos sons da mata, na luz das
estrelas, no orvalho que molha o chão, na alvorada, no por do sol, no aperto de
mão, e em tudo mais que se une para formar um momento como este que tivemos a
honra e o prazer de viver.
O sol já clareava o dia quando
chegamos a sede, descarregamos a traia, tomamos um café com macaxeira e caímos
na rede para descansar o corpo só esperando a hora do almoço, após o almoço
pegaríamos a estrada de volta, é incrível como passa rápido o tempo quando
estamos em momentos de felicidade, como é bom se fazer o que se ama, afinal a
busca humana se baseia simplesmente em ser feliz, e ser feliz é muito bom, mas
o sonho estava no fim, logo voltaríamos a realidade do mundo, e um dia cheio de
trabalho nos esperava na cidade.
No almoço pernil de mateiro, em um
momento de confraternização maravilhoso, Dona Joana e Seu Joaquim capricharam
na despedida, pareciam pressentir a trama que o destino estava a preparar, na
despedida um longo e carinhoso abraço, nossos olhos lacrimejaram pela emoção do
aconchego daquele povo, que a muitos anos nos recebia ali, abrindo a porta de
sua casa pra que nossos sonhos se realizassem,
quantos momentos maravilhosos tivemos a honra de apreciar ao lado
daquela família simples e amorosa, fim da despedida entramos na caminhonete e
caímos na estrada, e cinco horas depois estávamos na porta de casa.
Ajudei o amigo a descer, só de chegar
na cidade seu semblante mudou, descarreguei sua tralha e a minha, meu carro
tinha ficado lá, agradecemos o Tonho e ficamos de agendar uma nova empreita
antes de chuva chegar, ficamos ali no portão até a luz da lanterna da velha C10
sumir na curva da rua, o companheiro me abraçou por um longo período, de uma
forma diferente.
Obrigado meu filho, ocê num imagina o
bem que você me fez, nem sei como lhe agradecer, to veio, e a vida num tem sido
boa pra mim não, minha saúde acabou, mas sou feliz, porque vivi minha vida
fazendo o que amo fazer, campiei demais, tombei trem de montão, mas sempre com
respeito, com honra, tive amigos, dancei a luz da lua, e na vida mateira de
tudo tive o prazer de contemplar, porque isso nasceu comigo, como eu sempre lhe
falei, o que manda é o sangue, ninguém vira caçador nego, isso nasce com a
gente, ta no sangue, na alma..O que tomba prenda num é castanha não, é o sangue
de caçador, isso corre nas minhas veias, aprendi com meu avô, com meu pai, num
tive prazer de ter filho homem, mas tenho você, e quero que saiba, tenho muito
orgulho de te chamar de filho.
Não deixa a ganância e a rotina da
cidade comerem seu tempo, viva, faça sempre força pra esta realizando seus
sonhos, suas vontades, tudo passa, meu tempo passou e o seu também há de
passar, o tempo num tem cabelo, nem pé pra gente segurar, passou, passou....
E dos seus olhos brotaram lagrimas, e em um
longo abraço nos despedimos. Segui para casa feliz com o resultado da empreita
e pedindo a Deus saúde e força para o amigo.
E ele tinha razão em suas palavras,
quando se referia ao estranho e forte desejo de estar no mato, o que faz o
mateiro é o sangue, ninguém vira caçador, o caçador já nasce, está no sangue
que corre, que veio do pai, que veio do avô, o que dá na alma a instiga e o
desejo pelas coisas do mato vai muito além do querer, vem de algo que não
podemos explicar, talvez do espírito mateiro, que fornece a chama que nos
aquece na insaciável vontade de estar em contato com a natureza, o que traz a
prenda é o sangue, e, hoje eu tenho a certeza de que sua palavra trazia a
sabedoria da vivencia em forma de verdade.
Mas o destino é maquiavélico e
insensível, e em sua gigantesca teia de acontecimentos preparava o terreno para
uma grande avalanche de agonia e dor.
Uma semana depois chegou a noticia que
o companheiro estava acamado com febre, e que tinha dado entrada na emergência
com dores no peito, mas após dois dias internado e alguns exames teve alta,
estive lá e notei que o amigo não estava bem, o rosto abatido de cor pálida
demonstrava o tanto que estava debilitado, e novamente acompanhado da
indesejável cadeira de rodas, após a alta, fui buscá-lo no hospital, chegando
em casa, empurrei a cadeira até o quarto e ajeitei ele na cama, e alisando sua
cabeça pedi a Deus força e saúde em uma oração longa de voz alta que nos
emocionou muito.
Seis dias depois telefone tocou, era Jorjão,
sua voz estava abafada, triste, pediu que eu fosse a casa dele sem falta no fim
do dia, fiquei preocupado e passei o dia todo com um sentimento estranho, meu
coração parecia sentir a teia insensível que o futuro me reservava, o dia
demorou a passar e assim que o sol entrou eu estava em frente a sua cama, sem palavras ele me abraçou por um longo
tempo, suas mãos tremiam..
Calma amigo eu estou aqui, calma...
Meu tempo ta acabando meu filho, esses
63 anos passaram tão rápido, e as coisas mudaram tanto, as estradas viraram asfalto, os campos,
lavoura, tem carro espalhado pra todo lado, o povo cresceu e num tem mais lugar
que gente não mexe, vi muita coisa mudar, vi muita coisa nova aparecer, fiz
tudo que um homem tem que fazer, vou indo embora mas cumpri minha missão.
Olha filho eu to cansado, acho que
chegou a hora de descansar, já não tenho força, te chamei aqui pra te ver, pra
me despedir, meu São Sebastião ta me chamando pra uma empreita lá no céu, muito obrigado por tudo, e não esquece desse
veio matuto, que tanto te quer bem...
Aquilo me matou por dentro, e a todo
instante eu lhe falava, tudo vai passar, você é forte, vai ficar bom, e antes
das águas nos vamos campiar e buscar mais uns bodes...E ele sorriu, e segurando
na minha mão disse seu bordão preferido..
É NEGO, NINQUEM NEGO, NINQUEM NESSA
VIDA, TEM A VIDA QUE NOIS TEM, NEM O PRESIDENTE...NEM O PRESIDENTE NEGO. E caiu
na gaitada...KKKKKK...
Tentei mudar o assunto e proseamos um
bocado, em um abraço nos despedimos, e quando ia saindo do quarto, ele me chamou...
Ei vai lá no guarda roupa meu filho e
pega um embrulho que tem lá, é um presente pra você, pro seu filho, pro seu
neto, mas não abre agora não, abre em casa, é uma lembrançinha procê lembrar
desse velho teimoso chamado Jorge, que tem estima de pai por você..Te amo de coração filho, de
verdade, e ocê sabe disso.
Ao tocar o embrulho me arrepiei todo,
senti na hora que era sua Itajubá, a Jurema, minhas mãos tremeram e se negaram
a pegar o embrulho, mas o olhar do amigo, dizia sem palavras...
Leva eu faço questão que fique com
você.
Dirigi até em casa com o pensamento
longe, as lagrimas corriam dos meus olhos molhando o embrulho que levava no meu
colo, porque sabia que o companheiro estava fazendo a passagem, e logo não
estaria mais nesse mundo, e dito e feito, dois dias depois ele faleceu,
dormindo, em casa, seu semblante segundo sua filha, era de paz, como se
estivesse caminhando cerrado a fora campiando suas prendas ao lado do seu tão
estimado São Sebastião.
Não tive estrutura para ir ao seu
funeral, queria que a imagem do homem forte, do mateiro, do guerreiro ficasse
na minha mente, não queria vê-lo em um caixão sendo velado, e ter que fotografar isso em minha mente,
imagem que surgiria toda vez que pensasse no amigo...A imagem que ficou foi ele
carregando o campeiro e sua espingarda, a passos lentos sorrindo e fazendo
farra.
Inté hoje a jurema ta guardada, ainda
tem em sua coronha a marca das mãos do velho amigo, o pai Jorge, o Pai do mato,
com ele aprendi muito mais que lidar com as empreitas, entendi que é
preciso respeitar a caça, o tempo das
crias, os limites de reposição, aprendi que tem coisas justas e injustas quando
nos colocamos no olhar da presa, aprendi que os verdadeiros amigos estarão
sempre ao nosso lado, principalmente nos momentos difíceis, e melhor ainda,
aprendi a viver meu dia e meus momentos com intensidade, com amor, porque tudo
passa e meu tempo também chegará, porque todo homem morre, mas poucos vivem
realmente sua vida, com ele aprendi a ver o mundo com outros olhos e a entender
que toda essa ânsia de desejo de caçador é muito mais que um desejo, é minha
vida, assim como foi a do meu avô, do meu pai, e assim como será a vida dos meu
filhos.
Essa foi minha herança, milhares de
fragmentos, das aventuras, dos sorrisos, das palavras, do abraço apertado, de
um grande amigo.
Ainda hoje caminhando nas campinas
sinto sua presença, em cada ensinamento que me passou, no campeiro que corre em
saltos mostrando o branco da sua calda, na seriema que faz dueto no fim de
tarde, no grito do lobo guará, na pomba asa branca que corta com velocidade o
azul do céu. E vejo seu rosto quando em muitas vezes eu e meu filho no meio de
nossas empreitas sentamos no chão a luz da fogueira e meu garoto com alegria
fala bem alto...
NINQUEM PAI, NINQUEM TEM A VIDA QUE
NOIS TEM, NEM O PRESIDENTE...NEM O PRESIDENTE PAI. E cai na gaitada...KKKKKK
Saudades meu amigo, sei que está com
Deus, campiando pelas campinas do céu, e
que um dia vamos novamente nos encontrar, um baita abraço bem apertado, sinto
muita saudade sua, porque ao seu lado
vivi os melhores anos de minha vida, te agradeço por tudo, muito obrigado,
muito obrigado mesmo, você não imagina como foi difícil escrever isso, mas
agora outros amigos poderão conhecer um pouco mais da sua história......Abraço
pertado....
Bello 03/07/12
simplesmente fantástico, talvez a melhor história que li.
ResponderEliminarlindo de mais!! me emocionei lendo! parabéns!
ResponderEliminarFico feliz que estão gostando, obrigado...
ResponderEliminarSem palavras, muito lindo.
ResponderEliminarFantástica a história, sem palavras!
ResponderEliminarBelíssimo texto! Um pouco da estória de Jorge vc já tinha me contado, e fragmentos de seus ensinamentos vc me passou em várias de nossas conversas. Feliz do homem que tem o privilégio de viver a vida que vc viveu ao lado do seu amigo Jorge... Vida que nem o presidente leva. Ele se foi muito cedo, mas deixou um grande companheiro, filho do coração, exemplo pra sua família e seus amigos... Então de certa forma, Jorge vive através dos seus atos, e se torna eterno não só na sua memória e no seu coração. Um grande abraço, meu amigo!
ResponderEliminarParabéns amigo.
ResponderEliminarMe imaginei nessa história linda.
O meu sentimento é maior quando lembro de semelhanças não tão ricas de números, "Prendas" assim. Mas, historia como essa vivida no grande Sertão Mineiro. Lugar onde hoje se tem até livros escritos pelo saudoso Guimarães Rosa. Onde nunca conseguirei esquecer vc amigo...Quantas saudades... Para mais meu amigo Bello, lindo conto esse teu. tenho lido todos aqui editado; é mesmo uma pena nos dias de hoje ser escasso para nos as oportunidades. Talvez assim ganha a caça.kkkkkkkkkkkkkkk
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